Constituída no ano de 2003 com a assessoria técnica do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), a Cooperativa Grande Sertão é uma organização de agricultores familiares e agroextrativistas que tem como princípio a valorização das culturas tradicionais e dos ecossistemas naturais. Atualmente a Grande Sertão atua em mais de 30 municípios do Norte de Minas, envolvendo mais de duas mil famílias de forma direta ou indireta, sendo que destas 268 são cooperadas.

A missão da Grande Sertão é congregar agricultores e agroextrativistas de sua área de atuação para beneficiar e comercializar os produtos de seus cooperados, in natura ou artesanal, visando promover o desenvolvimento social levando-se em conta a preservação do meio ambiente e buscando alternativas econômicas dentro dos princípios agroecológicos.

Atua na promoção de iniciativas de desenvolvimento de produtos e tecnologias de gestão e acesso a mercados, fato que lhe rendeu experiência na área de logística, beneficiamento, comercialização e organização das cadeias produtivas de frutas nativas do Cerrado e da Caatinga e também cultivadas em quintais de manejo agroecológico. O carro chefe da Grande Sertão são as polpas congeladas, produzidas a partir dos frutos nativos e cultivados. Ao todo são 18 sabores comercializados, como o Araticum, Cagaita, Coquinho Azedo, Maracujá nativo, Umbu, dentre outros. O Pequi é vendido como polpa ou óleo; o Buriti como óleo, farinha parcialmente desengordurada e doce em barra. Consta ainda de sua lista de produtos o açúcar mascavo, rapadurinha, cachaça de alambique, farinha de mandioca, polvilho, mel, feijão, café, castanha de baru, geleias, sucos naturais, dentre outros. Em parceria com a cervejaria Bruder, foi desenvolvida uma cerveja artesanal (Fruit Beer) com o sabor do Coquinho azedo. Esta cerveja traz consigo o conceito e a marca da agricultura familiar e agroextrativista do Sertão norte mineiro, algo inusitado para este tipo de produto.

A Cooperativa Grande Sertão, vem se consolidando enquanto um elo econômico inovador na construção de uma proposta de rede de pequenas agroindústrias, localizadas junto às comunidades rurais do Norte de Minas integradas a uma marca regional (Grande Sertão) e com base na gestão dos agricultores familiares. Vistos até então como um público alvo de políticas compensatórias de amortecimento social, estes agricultores passam a se posicionar através de empreendimentos de base de economia solidária, familiar e associativista. Atuam agora como atores da construção de outra plataforma alicerçada na valorização dos potenciais ecossistêmicos e na reestruturação produtiva, reinserindo nos mercados locais e regionais produtos agroecológicos, embasados num projeto de convivência sócio-ambiental e de inclusão social para a região do Norte de Minas.